Novembro Azul! Sim, mesmo que minha pauta principal nesta coluna sejam as mulheres, os homens também têm seu espaço aqui.

Neste mês, geralmente falamos sobre o câncer mais frequente nos homens, que, claro, é o câncer de próstata. Mas e se eu te disser que homem também tem câncer de mama e que isso não pode ser negligenciado?

Você continua por aqui e promete que compartilha esta informação com mais pessoas? Porque é verdade esse bilhete, e infelizmente a maioria das pessoas desconhece a informação.

Vou deixar bem claro que não é a maioria, já que eles representam somente 1% dos casos de câncer de mama, ou seja, para cada 100 casos de câncer de mama, temos 99 mulheres diagnosticadas para um homem com o mesmo diagnóstico.

Fatores que dificultam o diagnóstico nos homens

Acontece que algumas questões precisam ser ditas para que este tema não seja deixado de lado:

  • Os homens não realizam exames de rotina com o urologista de forma semelhante às mulheres que fazem exames de rotina com o ginecologista. O acompanhamento ginecológico anual é amplamente recomendado, incluindo avaliação clínica, exames preventivos e rastreamento de cânceres ginecológicos, não há este mesmo tipo de recomendação para homens assintomáticos. O modelo de cuidado preventivo masculino é centrado na atenção primária, com exames laboratoriais e clínicos gerais, e não em consultas urológicas regulares, e isso dificulta diagnósticos;
  • Muitos homens acreditam ainda que câncer de mama é doença de mulher, porque nunca ouviram o contrário (todo Outubro Rosa quando estou dando palestras, a informação ainda choca aos homens);
  • O câncer de mama na sua vasta maioria é causado de forma esporádica, ou seja, não hereditária. No entanto, quando a doença surge em homens, é preciso muita atenção a este homem e a esta família, pois a frequência de casos relacionados à hereditariedade é maior;
  • E por fim, pouco se fala sobre pessoas trans, e temos que lembrar que o cuidado é para todos, sendo assim vou aproveitar o momento para alertar a este grupo de pessoas também.
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Orientações para homens cis e trans

Portanto, anotem aí:

Homem cisgênero (ou homem cis)

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Indivíduo designado como do sexo masculino ao nascer, que se identifica e vive como alguém do gênero masculino.

Percebeu uma bolinha na mama, um caroço atrás da aréola ou tem uma mama maior e percebeu que uma está diferente da outra por alguma irregularidade na pele, secreção pelo mamilo ou mudou algo?

Pode procurar um mastologista (que não é médico de mulher, é médico que cuida das mamas); e saiba sobre sua história familiar, porque, se sua família tiver muitas pessoas com câncer, ou até mesmo alguma mutação hereditária, vocês precisam de cuidados especiais.

Homem transgênero (ou homem trans)

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Indivíduo designado como do sexo feminino ao nascer, que se identifica e vive como alguém do gênero masculino. O risco de câncer de mama nesses casos é considerado semelhante ao risco de homens cis.

Homens trans frequentemente se submetem a cirurgias de redução mamária, semelhantes às cirurgias de redução de risco para pacientes com síndromes hereditárias. Essas cirurgias, além da administração de testosterona, reduzem o risco de câncer de mama em aproximadamente 90%.

No entanto, aqueles que não se submetem à redução mamária devem ser aconselhados a manter o rastreio mamográfico conforme indicado para mulheres, com mamografia anual a partir dos 40 anos. A recomendação é seguir a premissa de “sempre monitorar e acompanhar o que você tem”.

Mulher transgênero (ou mulher trans)

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Indivíduo designado como do sexo masculino ao nascer, que se identifica e vive como alguém do gênero feminino. Poderíamos esperar que o risco de câncer de mama neste grupo fosse maior do que em mulheres cis, visto que essas pacientes recebem hormônios femininos; no entanto, esse aumento não atinge o risco de câncer de mama em mulheres cis.

Há um aumento estimado de 46 vezes no risco de câncer de mama para mulheres trans em comparação com homens cis, mas seu risco ainda é menor do que o de mulheres cis, provavelmente explicado por níveis hormonais mais baixos (embora com exposição hormonal prolongada).

O que temos indicado é a mamografia bianual a partir dos 50 anos, ou de 5 a 10 anos após o início da administração de hormônios femininos.

Informação é prevenção

Por fim, tem muita novidade por aqui e quanto mais pessoas souberem destas informações, melhor é para todos. Cuidem-se! Homens, mulheres, tanto faz, o importante é cuidar de si.

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*Obs – os dados citados estão em um artigo científico que escrevi com outros colegas para o International Brazilian Journal of Urology.

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