
Morreu na segunda-feira (17), no Rio de Janeiro, o cantor e compositor Jards Macalé. Aos 82 anos, o músico acabou tendo uma parada cardíaca, consequência de um quadro de choque séptico e insuficiência renal.
Macalé estava internado desde o começo de novembro para tratar uma broncopneumonia, e chegou a passar por uma cirurgia na semana passada. Os problemas se agravaram nos últimos dias.
Entenda a complicação de saúde de Jards Macalé
Um choque séptico está relacionado a uma resposta inflamatória exagerada do corpo após o agravamento de uma infecção.
Ele pode se desenvolver a partir de diferentes origens, como uma sepse ocorrida após uma cirurgia ou por uma infecção generalizada que, muitas vezes, começa em um lugar definido (cerca de um terço dos casos, por exemplo, iniciam-se nos pulmões). Nos últimos dias, Macalé havia passado pelas duas situações: submeteu-se a uma cirurgia e já tratava uma broncopneumonia.
No choque, a resposta inflamatória do corpo leva a uma queda significativa da pressão arterial, que pode afetar a chegada de sangue para os órgãos vitais, colocando em risco o seu funcionamento.
No caso de Jards Macalé, o choque séptico foi acompanhado de uma insuficiência renal, indicativo de que o problema de saúde original acabou tornando esses órgãos incapazes de realizar suas funções. Quando essa situação ocorre, medidas de suporte como a diálise precisam ser adotadas para suprir a insuficiência enquanto se tenta combater o problema de fundo.
Casos graves de choque séptico, porém, têm tratamento dificultado devido à saúde geral debilitada dos pacientes, e cerca de 40% das pessoas que enfrentam essa emergência de saúde acabam evoluindo a óbito. Outras complicações fatais, como a parada cardíaca, podem acontecer em meio à resposta inflamatória aguda do organismo.
Trajetória
Natural do Rio de Janeiro, onde nasceu em 1943 com o nome Jards Anet da Silva, o artista adotou o apelido de Macalé ainda na juventude, por uma história curiosa: segundo a lenda recontada ao longo dos anos, a alcunha surgiu graças ao seu desempenho pífio nas peladas disputadas nas areias de Ipanema. “Macalé” era uma referência ao apelido de Sebastião dos Santos, considerado o pior atleta do Botafogo na época, a ponto de virar sinônimo de “jogador ruim”.
O talento que faltou para jogar futebol, porém, nunca se fez ausente no mundo da música. Já convertido em Macalé (o “Jards” voltaria ao nome artístico um pouco mais tarde), o cantor e compositor começou a carreira nos anos 1960, ganhando proeminência nacional ao apresentar a canção Gotham City no 4º Festival Internacional da Canção, em 1969.
Colaborando com grandes nomes da música nacional no período, lançou seu disco autoral de estreia (intitulado “Jards Macalé” mesmo) em 1972. Um ano antes, havia sido o violonista e produtor de “Transa”, álbum gravado por Caetano Veloso em seu exílio em Londres.
Nas décadas seguintes, Jards seguiu influente e conhecido pela experimentação musical, e esteve acompanhado pela canção até o fim. Segundo a nota divulgada em seu perfil oficial confirmando a morte, em seus dias finais ele “chegou a acordar de uma cirurgia cantando ‘Meu Nome é Gal’, com toda a energia e bom humor que sempre teve”.
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