O aumento da expectativa de vida no Brasil trouxe um novo desafio para a medicina: garantir qualidade de vida a quem chega aos 50, 60, 70 anos ou mais. Entre os fatores que mais pesam nessa fase está a saúde das articulações, especialmente dos joelhos, que suportam grande parte do peso corporal e são fundamentais para a mobilidade.
O desgaste natural da cartilagem é esperado com o envelhecimento, mas, quando se acentua, pode levar a dor crônica, rigidez e até incapacidade. A diferença entre um envelhecimento saudável e outro patológico está diretamente ligada aos cuidados adotados ao longo da vida.
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Hábitos que preservam a articulação
Após os 40 anos, os joelhos passam a exigir atenção especial. O excesso de peso é um dos principais inimigos, pois sobrecarrega a articulação: estima-se que cada quilo acima do ideal represente até quatro vezes mais carga sobre o joelho durante atividades como subir escadas. Isso significa que perder 5 quilos pode reduzir em até 20 quilos a pressão sobre a articulação.
Além do controle do peso, a prática regular de exercícios físicos é essencial. Atividades como musculação, pilates, hidroginástica e caminhadas leves ajudam a fortalecer a musculatura que protege o joelho e a melhorar o equilíbrio, reduzindo o risco de quedas.
Outro ponto importante é manter uma alimentação equilibrada, rica em cálcio, vitamina D e proteínas — nutrientes que contribuem para a saúde óssea e muscular. Consultas regulares com o ortopedista e exames de acompanhamento são fundamentais para detectar precocemente sinais de desgaste, possibilitando intervenções mais eficazes.
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Avanços da ortopedia moderna
Nos últimos anos, a ortopedia vem oferecendo novas soluções para preservar as articulações e retardar a progressão da artrose. Entre elas estão as infiltrações com ácido hialurônico, que ajudam a lubrificar a articulação e a reduzir a dor, e o plasma rico em plaquetas, que utiliza componentes do próprio sangue do paciente para estimular a regeneração dos tecidos.
Pesquisas em andamento avaliam o uso de células-tronco, com resultados promissores, embora ainda experimentais. Apesar do potencial, nenhuma terapia infiltrativa substitui hábitos saudáveis de alimentação, atividade física e sono adequado.
Nos casos em que o desgaste é avançado e compromete severamente a qualidade de vida, a cirurgia de prótese de joelho é uma alternativa eficaz. Esse procedimento, cada vez mais seguro e com recuperação mais rápida, devolve mobilidade e independência a milhares de pacientes todos os anos. No Brasil, são realizadas mais de 70 mil cirurgias desse tipo anualmente.
Manter os joelhos saudáveis após os 50 anos não significa apenas evitar a dor: é preservar a autonomia, a capacidade de caminhar, viajar, praticar esportes e aproveitar plenamente a longevidade. O recado da ortopedia é claro: envelhecer não precisa ser sinônimo de perder mobilidade. Com prevenção, hábitos saudáveis e acesso às terapias modernas, é possível viver mais e melhor.
*Pedro Debieux Vargas Silva, ortopedista, fellow com foco em artroplastia do joelho na Universidade Claude Bernard e membro da Brazil Health.
(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)

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