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A médica e ex-BBB Laís Caldas revelou, em suas redes sociais, que está esperando o primeiro filho, e trouxe um detalhe que chamou atenção dos seguidores: ela atribuiu a gravidez inesperada ao uso de uma caneta emagrecedora, apelidando a criança de “Bebê Mounjaro”.
Segundo Laís, a gestação teve início mesmo com o uso da pílula anticoncepcional, e o motivo seria que o uso do Mounjaro “cortou o efeito” do contraceptivo. Mas será que isso realmente pode acontecer? Veja o que a ciência já sabe sobre o assunto.
Caneta emagrecedora corta o efeito do anticoncepcional?
Ainda faltam evidências científicas mais robustas sobre o impacto das canetas emagrecedoras (com os chamados agonistas de GLP-1) no efeito das pílulas anticoncepcionais. Mas pesquisas preliminares e relatos de caso sugerem que pode, sim, haver uma redução na absorção dos hormônios contraceptivos de uso oral.
Falta entender melhor se esse impacto é relevante para afetar a fertilidade (e por quanto tempo) e quais princípios ativos das canetas emagrecedoras fazem isso.
Algumas pesquisas indicam que não há impacto relevante da semaglutida, a molécula encontrada em Ozempic e Wegovy.
Por outro lado, a tirzepatida, que está no Mounjaro, parece mesmo afetar as concentrações séricas dos hormônios contraceptivos, sobretudo no período de ajuste da dose, durante as quatro semanas iniciais de uso.
Na dúvida, entidades médicas recomendam cautela, e mulheres que usam anticoncepcionais orais e não desejam engravidar precisam conversar com o ginecologista para discutir alternativas antes de introduzir uma caneta emagrecedora na rotina. É importante lembrar que, com ou sem as canetas, nenhum anticoncepcional é 100% eficaz, e falhas (mesmo raras) sempre podem ocorrer.
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Sem contraceptivo, elas podem mesmo ajudar a engravidar
O uso de canetas emagrecedoras de modo geral está associado a consequências positivas na fertilidade. Ou seja, independentemente dos impactos sobre a pílula anticoncepcional, quem não faz uso de qualquer método contraceptivo pode aumentar suas chances de engravidar como efeito paralelo do uso desses medicamentos.
O motivo para isso se refere à forma como os agonistas de GLP-1 agem no corpo, regulando os níveis de insulina e ajudando a controlar a obesidade, dois fatores que contribuem para a saúde reprodutiva. É importante lembrar, porém, que esses efeitos sobre a fertilidade são benefícios secundários, e não a indicação médica principal para uso de medicamentos como o Ozempic e o Mounjaro.
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Em qualquer cenário, quem engravidou enquanto fazia uso de uma caneta emagrecedora deve suspender o uso do medicamento tão logo confirme a gestação, pois não há segurança comprovada para essas substâncias durante a gravidez ou no período de amamentação.
Já se você está planejando engravidar, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) recomenda suspender o uso das canetas com alguns meses de antecedência. Confira abaixo.
O que recomendam os especialistas
Em julho, a Febrasgo já havia publicado uma série de recomendações sobre o uso de anticoncepcionais orais e canetas emagrecedoras de forma simultânea. A entidade indica:
1. Contraceptivos orais podem ser mantidos durante o uso de semaglutida, com acompanhamento médico.
2. Mulheres que utilizam tirzepatida devem ser orientadas a não usar contraceptivos hormonais orais, a trocar de método ou a associar métodos de barreira por, pelo menos, quatro semanas após o início do uso ou ajuste da dose.
3. O uso de outros métodos contraceptivos altamente eficazes deve ser oferecido a todas as usuárias de agonistas do GLP-1, com destaque para os Dispositivos Intrauterinos (DIUs – hormonal ou de cobre) ou implante contraceptivo hormonal de longa duração, visto que não é conhecido o potencial teratogênico destes medicamentos.
4. Não há evidência de segurança para o uso destes medicamentos para perda de peso durante a gestação e amamentação. A recomendação é suspender a semaglutida por no mínimo dois meses e a tirzepatida por pelo menos um mês antes de uma eventual gravidez.
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