Ghosting, red flag… As redes sociais popularizaram uma série de termos para explicar aspectos das relações modernas. O “love bombing” – na tradução livre, “bombardeio de amor” – é um comportamento exagerado e manipulativo em relações românticas.
Receber elogios e declarações de amor de uma pessoa por quem você se interessa costuma ser algo positivo. No entanto, quando essas demonstrações de carinho são excessivas e acabam cerceando sua rotina, pode haver prejuízos para a relação e para a saúde mental de ambas as partes.
Aprenda mais sobre o comportamento e saiba identificar seus sinais.
O que é love bombing?
Se apaixonar e manifestar esse sentimento não é um problema. Cada pessoa tem uma forma de sentir e de expressar afeto.
Ainda existem poucas pesquisas científicas sobre o love bombing, que não é considerado um diagnóstico ou problema psiquiátrico. Por isso, o comportamento deve ser entendido caso a caso, no contexto em que ocorre.
O love bombing ganha esse nome porque os elogios, presentes e declarações de amor eterno e incondicional surgem veloz e intensamente na relação. A conduta é inconsistente com a fase do relacionamento e aparece de forma impulsiva.
Quando comportamentos como presentes e declarações se tornam exagerados, podem integrar um ciclo de manipulação e controle da outra pessoa na relação.
Esse estágio de idealização é substituído por uma desvalorização quando o parceiro não age da maneira esperada. De repente, toda a exaltação desaparece e o “bombardeador” trata o outro com silêncio e desprezo.
Embora seja comum em relações românticas, o love bombing também pode se manifestar em amizades.
+Leia também: É preciso flagrar os sinais de um relacionamento abusivo
Conheça os sinais
O love bombing só pode ser identificado frente ao contexto da relação. Mas existem algumas práticas comuns desse comportamento:
- Dar declarações de amor exageradas logo nas primeiras semanas de relacionamento;
- Expressar vontade de casar, ficar junto para sempre e fazer planos detalhados para um futuro distante já no início da relação;
- Tentar passar todo o tempo junto do parceiro, isolando-o de amigos e familiares;
- Presentear com itens caros desde o início da relação – que, em geral, não são coisas que a outra pessoa deseja ou precisa;
- Tentativas de contato constante, seja presencial ou via telefone ou redes sociais, que visam também saber onde o outro está e monitorar sua rotina;
- Ignorar limites e reagir mal quando o outro prioriza amigos, familiares ou partes da rotina que não incluem o parceiro;
- Compartilhar detalhes e histórias muito íntimas já nos primeiros encontros, pressionar a outra pessoa a compartilhar segredos;
- Fazer grandes gestos de declaração em público ou nas redes sociais.
+Leia também: Quando a paixão vira doença
Quais os riscos do love bombing?
Em casos extremos, esse “bombardeio de amor” pode até integrar ciclos de violência psicológica e doméstica.
O comportamento pode surgir no início do relacionamento, como forma de conquistar a pessoa, mas também pode aparecer mais adiante.
Especialistas costumam chamar a etapa em que o agressor usa presentes, elogios e surpresas para convencer a vítima de que mudou – e não vai praticar mais atos de violência – de “fase da lua de mel”.
O ciclo de violência doméstica começa com ameaças e humilhações. O agressor pode primeiro bater nos móveis e quebrar coisas na casa. Tudo culmina em um ato de agressão. Depois, vem a “lua de mel”, com promessas de mudanças e o “bombardeio” de presentes e elogios.
Acompanhamento psicoterapêutico é uma recomendação para quem foi afetado pelo love bombing. O tratamento psicológico pode ajudar a lidar com o estresse e o desgaste emocional resultantes da situação. Resgatar a autoestima e reestabelecer a confiança em outras pessoas também podem fazer parte da terapia.
Em casos de violência doméstica, ligue 180 para denunciar.
Compartilhe essa matéria via: