Qualquer médico vai dizer o mesmo: a melhor maneira de evitar que um problema de saúde se torne grave e complexo de tratar é descobri-lo cedo – de preferência, quando ainda nem produziu sintomas.
A maneira de fazer isso é com exames de rotina, e um check-up anual é recomendado mesmo para pessoas que estão (ou se sentem) perfeitamente saudáveis.
É isso mesmo: o ideal é não deixar para procurar o médico apenas quando um problema surge, mas pelo menos uma vez por ano realizar uma consulta e fazer exames periódicos para monitorar sua saúde geral. Até aí, tudo muito lógico. Mas, na prática, o que isso significa? Que médico eu devo procurar? E quais exames não podem faltar?
Saiba mais o que deve fazer parte do seu check-up.
Em qual médico ir?
Se você já tem algum motivo para ir ao médico rotineiramente, como as mulheres que vão ao ginecologista, ou alguém com problemas cardiovasculares que vai a um cardiologista, essa pode ser a porta de entrada para um check-up.
Esses profissionais podem fazer perguntas para avaliar o estado de saúde geral e solicitar exames básicos, mesmo sem relação direta com a especialidade deles, além de indicar médicos de outras áreas quando for necessário investigar algo mais a fundo.
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Lembre-se, também, que algumas especialidades médicas devem se tornar parte da sua rotina de acordo com fatores de risco ou a idade. Homens não vão ao urologista com a mesma frequência que mulheres visitam o gineco, por exemplo, mas a partir dos 50 anos é preciso realizar essa visita pelo menos uma vez por ano para monitorar a saúde reprodutiva, urinária e o risco de câncer de próstata.
Idosos devem contar com um geriatra de confiança. No outro extremo da idade, crianças devem visitar regularmente o pediatra.
Agora, se você ainda não tem um médico que lhe acompanha de forma recorrente, a melhor pedida é ir atrás de um clínico geral ou de um médico de família, que têm uma visão mais ampla sobre o corpo.
Exames laboratoriais que não podem faltar
Oprincipal elemento de um bom check-up (e frequentemente esquecido) é uma anamnese, a entrevista com o paciente onde o médico faz perguntas sobre o estilo de vida e estado de saúde, em busca de possíveis sinais de alerta sobre a saúde daquele indivíduo.
Mas o check-up costuma incluir exames de sangue e de urina. No caso do sangue, o teste não se limita ao hemograma completo, que verifica a contagem de glóbulos vermelhos e leucócitos, também são solicitados medidas da glicemia, um lipidograma (que avalia o colesterol e os triglicerídeos) e outros marcadores de encrencas na saúde, como o ácido úrico e o TSH, por exemplo.
Há análises extras que podem ser pedidas se já existe alguma suspeita de outro problema, seja por dúvida do paciente ou histórico familiar. Por exemplo, quando se quer iniciar a investigação de algum problema cardíaco, pode ser solicitado também um exame de proteína C reativa (PCR), que fornece pistas a esse respeito.
Quem tem suspeita de problemas na próstata pode ganhar a requisição para avaliar o antígeno prostático específico (PSA), um marcador de risco para o câncer nessa glândula.
Em qualquer cenário, todos os exames de sangue podem ser feitos a partir da amostra coletada em uma mesma ocasião.
No caso de exames de urina, a ideia é avaliar, além de possíveis infecções do trato urinário, o funcionamento dos rins e a dosagem de outros marcadores de forma complementar à análise de sangue.
Lembre-se que os resultados desses exames devem sempre ser levados de volta ao médico solicitante. Embora os laboratórios costumem indicar valores de referência para os diversos marcadores, eles devem ser encarados como uma média ideal para a população em geral, e não necessariamente são os melhores resultados para seu caso individual.
Testes essenciais no consultório
Além dos exames coletados no laboratório, há alguns testes que o médico pode realizar já durante a consulta. Uma avaliação clássica é feita com o estetoscópio, utilizado para ouvir sons internos do corpo, como o coração, os vasos sanguíneos e os pulmões.
Essa ausculta não dá um diagnóstico definitivo, mas pode indicar alterações que justificam exames mais aprofundados. Por exemplo, o médico pode ouvir um ruído atípico no coração e indicar a busca por um cardiologista ou a realização de um eletro ou ecocardiograma.
Auferir a pressão arterial é outro clássico dos consultórios – mas, quando há suspeita de um quadro de hipertensão, o recomendado é que a avaliação prossiga também fora desse ambiente, que pode render resultados equivocados.
Em geral, recomenda-se que mulheres realizem papanicolau como rastreio para câncer do colo do útero, mas a frequência da repetição do exame pode variar de acordo com os achados em cada caso. E já há testes mais precisos disponíveis.
Elas também têm indicação para realizar mamografia todos os anos a partir dos 40, como rastreio para o câncer de mama, enquanto homens de mais de 50 devem visitar o urologista para o exame do toque retal, que ajuda a verificar problemas na próstata. Nos dois casos, as consultas recorrentes devem ser feitas mais cedo na vida se houver histórico familiar.
Visitas ao urologista também ajudam a detectar tumores menos “famosos”, como o câncer de testículo ou bexiga.
Pessoas que usam óculos devem refazer anualmente os exames para avaliar a progressão do quadro e eventuais mudanças de grau. Mesmo sem um problema de visão diagnosticado, é recomendado fazer uma visita ao oftalmologista para verificar a pressão intraocular e potencial risco de glaucoma, doença que evolui de forma assintomática e pode levar à cegueira.
Já para os idosos, outro exame indicado para incluir na rotina é a densitometria óssea, que avalia a saúde dos ossos e possíveis casos se osteopenia e osteoporose.
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