Cansaço frequente, coceira na pele, urina com espuma e inchaço no corpo… Você tem dois ou mais destes sintomas?

Se a resposta foi positiva, pode ser que talvez tenha algum grau de doença renal e não saiba.

Esta condição atinge pelo menos 10 milhões de brasileiros, segundo o Protocolo para Atenuar a Progressão da Doença Renal Crônica, atualizado em setembro de 2024. Ela é um fator determinante para o desenvolvimento da doença cardiovascular, responsável por 30% de todas as mortes no mundo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) avalia que, globalmente, a doença renal crônica afeta cerca de 10% da população.

Seu desenvolvimento e progressão estão associados ao diabetes, à hipertensão, à obesidade, aos antecedentes de doenças do aparelho circulatório, ao histórico da doença na família, ao tabagismo, entre outras causas.

+Leia também: Salve seus rins: como prevenir e controlar a doença renal crônica

Pensando nisso, desde 2006 comemoramos na segunda quinta-feira do mês de março o Dia Mundial do Rim, e o mês todo é usado para conscientizar sobre a importância deste órgão.

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O Brasil se une para realizar campanhas que sensibilizem a população brasileira a procurar à Unidade Básica de Saúde para fazer os exames de creatinina e de albuminúria, para facilitar o diagnóstico precoce e evitar a necessidade de tratamento dialítico (hemodiálise ou diálise peritoneal), já em um estágio tardio da condição.

Mas… pasmem! Infelizmente já constatamos que, apesar destes exames estarem na UBS, a maioria dos médicos não costuma prescrevê-los exames para a população com diabetes e/ou hipertensão e/ou obesidade.

Como resultado, quando se descobre a alteração renal, boa parte das pessoas já é encaminhada para a hemodiálise.

Como desdobramento, o Ministério da Saúde gasta R$ 4 bilhões ao ano. Esse montante poderia ser significativamente reduzido por meio de um maior investimento em iniciativas de prevenção e detecção precoce da condição.

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No ano passado, estivemos em um Fórum e me recordo de que um gestor disse que não prescrevia creatinina, pois não sabia o que fazer com uma pessoa com diagnóstico de insuficiência renal, já que não havia vagas para hemodiálise na rede municipal. Será que é tão difícil os gestores entenderem que é o diagnóstico tardio que leva à hemodiálise, e não o precoce?

Outra questão importante: especialistas na rede. Percebemos que o número de consultas ambulatorias especializadas com nefrologistas é muito pequeno pois boa parte deles trabalham em hospitais, que fazem hemodiálise.

Por isso, nos perguntamos, por que não implementar a teleconsulta ou disponibilizar mais profissionais na rede? Esta falta de contratação gera muito mais despesa para o Estado.

Outro aspecto: como opção à hemodiálise temos a diálise peritoneal, uma terapia mais econômica e pouco empregada no país, eficaz, segura, realizada no domicílio, geralmente durante o sono, permitindo que os pacientes mantenham o convívio familiar e a rotina diária.

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Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, somente 4 mil brasileiros desfrutam desta terapia, enquanto que mais de 157 mil pessoas fazem a hemodiálise padrão.

Inclusive esta sociedade elaborou um manifesto junto com a Federação Nacional das Associações de Pacientes Renais, para que se amplie a oferta desta terapêutica aos brasileiros, até porque boa parte dos municípios não ofertam a hemodiálise e muitos cidadãos morrem na fila esperando serem chamados.

Para finalizar, acreditamos que hoje temos estratégias mais eficazes para deter o progresso da insuficiência renal, mas não temos capacitação suficiente dos profissionais da rede e disponibilização: dos exames de creatinina e albuminúria, da diálise peritonial e da hemodiálise para toda a população que precisa.

Por isso, voltamos à questão: não é mais econômica a implementação de políticas preventivas para aprimorar os tratamentos do diabetes, da obesidade e da hipertensão junto com a oferta de exames que avaliam os rins?

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Se estas medidas estivessem sendo aplicadas, elas resultariam tanto em vidas salvas quanto em menor gasto de recursos do sistema único de saúde (SUS).

* Vanessa Pirolo é jornalista, Presidente do Vozes do Advocacy, Federação de Associações e Institutos de Diabetes e Obesidade

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