Desde 1988, quando a aids, doença causada pelo HIV, ainda representava uma sentença de morte para a maioria dos infectados pelo vírus, o 1º de dezembro é o Dia Mundial de Luta contra a Aids.

Dedicado à conscientização sobre a síndrome da imunodeficiência adquirida (nome completo da aids, o que também faz com que seja conhecida pela sigla SIDA), o dia ainda rememora aqueles que foram vitimados pela doença, e destaca os avanços científicos que permitiram que a relação da humanidade com o vírus tenha se modificado ao longo das últimas quatro décadas.

Longa luta contra o preconceito

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 40 milhões de pessoas morreram em decorrência da aids desde que os primeiros casos da doença foram registrados, em 1981. A epidemia segue sendo gravíssima em partes do mundo sem acesso a medidas adequadas de prevenção e tratamento, como regiões empobrecidas do continente africano, mas também passou por transformações em países como o Brasil, que chegou a ser exemplo global no combate à doença.

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O imaginário da morte, porém, continua presente na cabeça das gerações que viveram a pior fase da epidemia. E o preconceito, conhecido como sorofobia, ainda é uma realidade para pessoas que vivem com o HIV, mesmo com formas consagradas para prevenir a infecção, da velha camisinha à profilaxia pré-exposição, a PrEP.

A conscientização do 1º de dezembro também passa por compreender como as coisas mudaram. Em primeiro lugar, vale lembrar que HIV não é sinônimo de aids: se no passado a ausência de tratamento eficaz fazia com que quase todos os pacientes expostos ao vírus da imunodeficiência humana desenvolvessem a doença, hoje isso só acontece se a pessoa não tem acesso ao tratamento.

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E, em alguns casos, o HIV chega a se tornar indetectável, condição que não apenas indica a ausência de aids, mas também que o vírus se tornou intransmissível sexualmente.

Inovações em tratamento, prevenção e o sonho da cura

A evolução no enfrentamento ao HIV vem produzindo dados cada vez mais animadores. Ainda que 17% dos quase 1 milhão de brasileiros com o vírus não realize o tratamento, para aqueles que o fazem as perspectivas de qualidade de vida estão cada vez melhores. As novas técnicas permitem, por exemplo, que o risco de transmissão vertical do vírus na gestação despenquem para praticamente zero.

Em agosto, o Brasil também passou a contar com o chamado “PrEP injetável”, medicamento com o nome comercial Apretude, que usa o princípio ativo cabotegravir. Embora ainda não esteja disponível no SUS, ele promete ampliar ainda mais a proteção contra o HIV: a eficácia é semelhante à do PrEP oral de uso diário (este, sim, encontrado no SUS), mas com a vantagem de só exigir uma aplicação a cada dois meses, o que aumenta a adesão – e, consequentemente, reduz ainda mais a chance de contrair o HIV.

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Para pessoas que já vivem com o vírus, hoje o caminho para enfrentá-lo é com o tratamento antirretroviral, que impede com sucesso a multiplicação do HIV dentro do corpo. É isso que faz com que a infecção não evolua para a aids: barrando o vírus com um tratamento contínuo, o sistema imunológico não é comprometido e a pessoa pode até mesmo chegar à situação em que ele se torna indetectável.

Novas pesquisas também vêm se esforçando em entender os caminhos para a remissão do HIV, um passo indispensável para que se encontre uma cura definitiva para a infecção. Em setembro, a publicação de um estudo inédito brasileiro deu ainda mais esperança de que estamos no caminho certo, com voluntários que seguiram tendo o vírus controlado por várias semanas (em um dos casos, por mais de um ano), mesmo suspendendo o uso dos medicamentos.

É o sinal de que a ciência segue evoluindo para que, a cada novo 1º de dezembro, a aids seja um trauma cada vez mais antigo.

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