Em 14 de novembro celebra-se o Dia Mundial do Diabetes, data criada em homenagem ao cientista Frederick Banting, um dos descobridores da insulina — hormônio essencial para controlar a glicose no sangue.

Mais do que uma lembrança histórica, é um alerta global: mais de 540 milhões de pessoas vivem com diabetes no mundo, e muitas delas ainda não sabem que têm a doença.

O diabetes tipo 2 é uma condição crônica e silenciosa. Durante anos, o corpo tenta compensar o excesso de glicose produzindo mais insulina, até que o pâncreas se exaure. Esse processo está ligado à chamada resistência à insulina — quando as células deixam de responder adequadamente ao hormônio e o açúcar permanece circulando no sangue.

O acúmulo de gordura abdominal (visceral) é um dos principais gatilhos dessa resistência. Diferentemente da gordura subcutânea, a visceral é metabolicamente ativa, liberando substâncias inflamatórias que desregulam o metabolismo e aumentam o risco de doenças cardiovasculares.

Por isso, o diabetes não está restrito a pessoas com excesso de peso: até indivíduos aparentemente magros podem apresentar resistência à insulina e alterações metabólicas graves.

Diagnóstico precoce salva vidas

A boa notícia é que o diagnóstico do diabetes é simples e pode ser feito com exames de sangue de rotina, solicitados durante consultas médicas regulares. Os principais são:

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  • Glicemia de jejum;
  • Hemoglobina glicada (HbA1c), que reflete a média da glicose dos últimos três meses;
  • Teste oral de tolerância à glicose (TOTG);
  • E, de forma mais preventiva, o HOMA-IR, que mede a resistência à insulina antes mesmo do diabetes se instalar.

Detectar cedo faz toda a diferença: quanto mais precoce a intervenção, maior a chance de reversão e controle natural da glicose.

Quando o açúcar vira ferrugem

O excesso de glicose no sangue age como uma ferrugem silenciosa. Ele se liga a proteínas e gorduras, formando substâncias chamadas AGEs (produtos finais de glicação avançada) que danificam tecidos e aceleram o envelhecimento.

O resultado? Complicações sérias como infarto, AVC, cegueira, insuficiência renal, neuropatias e declínio cognitivo. Esses danos, porém, podem ser evitados com diagnóstico precoce, acompanhamento médico e mudanças sustentáveis no estilo de vida.

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O papel do intestino

A ciência tem mostrado que o intestino é um dos protagonistas do controle glicêmico. A microbiota intestinal, composta por trilhões de microrganismos, influencia diretamente a sensibilidade à insulina e a inflamação sistêmica. Dietas ricas em fibras, vegetais, frutas, azeite e alimentos fermentados equilibram essa microbiota e melhoram o metabolismo da glicose.

Sim, é possível reverter

Estudos recentes mostram que mudanças estruturadas de estilo de vida — com alimentação natural, perda de peso, atividade física e sono reparador — podem ajudar a reequilibrar a glicemia.

Para isso, decisão diária conta:

  • Movimentar-se todos os dias melhora a sensibilidade à insulina;
  • Dormir bem regula hormônios do apetite e do estresse;
  • Evitar ultraprocessados e açúcares reduz a inflamação sistêmica;
  • Comer com qualidade e equilíbrio é o primeiro passo da prevenção.
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Essas atitudes simples protegem o corpo da glicação, reduzem a gordura visceral e retardam o envelhecimento celular.

A nova fronteira da medicina

Com os avanços da genética, metabolômica e análise da microbiota, hoje é possível identificar precocemente quem tem predisposição à resistência à insulina.

Essa abordagem personalizada permite intervenções preventivas, promovendo o que chamamos de longevidade metabólica — viver mais tempo com energia, lucidez e vitalidade.

O Dia Mundial do Diabetes nos lembra que saúde é equilíbrio. O diabetes tipo 2 não é apenas uma doença de açúcar — é um alerta do corpo pedindo um novo estilo de vida.

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Com acompanhamento médico, alimentação consciente e movimento diário, é possível prevenir e controlar a doença. Cuidar da glicose é cuidar da vida — e do tempo que escolhemos viver com saúde.

*Filippo Pedrinola é endocrinologista e Head Nacional de Endocrinologia da Brazil Health

(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)

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