O debate sobre a possibilidade de cura do diabetes tipo 2 ganhou novos contornos nos últimos anos, especialmente com o avanço de medicamentos como semaglutida e tirzepatida, conhecidos comercialmente como Ozempic e Mounjaro.

Esses remédios, antes vistos apenas como ferramentas de controle glicêmico, hoje representam uma mudança profunda no tratamento, principalmente por promoverem perda de peso significativa e sustentada.

Quando o excesso de gordura corporal diminui, especialmente a gordura visceral, muitos pacientes passam a apresentar resultados de exames dentro da normalidade, algo que há pouco tempo parecia improvável. Esse fenômeno, que alguns chamam de remissão, ocorre durante o uso dos medicamentos e revela um potencial terapêutico muito maior do que se imaginava.

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Remissão do diabetes: como a perda de peso influencia

Essa remissão é ainda mais evidente em pessoas com pré-diabetes, condição que antecede o diabetes tipo 2. Para esse grupo, a perda de peso com o uso dessas novas medicações abre um caminho promissor, pois impede a progressão da doença e, em muitos casos, devolve ao organismo a capacidade de regular a glicose sem necessidade de intervenções intensivas.

A combinação de tratamento medicamentoso com aumento de massa muscular por meio da musculação e do exercício aeróbico reforça esse efeito, já que o músculo é um dos principais tecidos responsáveis pela captação de glicose.

Embora a maior parte dos pacientes ainda dependa do uso contínuo desses medicamentos, uma parcela pequena consegue, após atingir um peso adequado e estabilizar o metabolismo, suspender os injetáveis e manter tanto o peso quanto os exames dentro da normalidade.

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No entanto, é importante lembrar que o diabetes tipo 2 tem relação direta com o acúmulo de gordura. Assim, caso o paciente volte a ganhar peso, especialmente na região abdominal, o quadro de pré-diabetes ou diabetes tende a retornar.

Alimentação e exercícios: pilares do controle do diabetes

A mudança de hábitos alimentares permanece como pilar fundamental. A adoção de uma dieta com menos carboidratos de alto índice glicêmico, maior ingestão de proteínas e foco em alimentos minimamente processados reduz o risco de elevação da glicemia e potencializa os resultados dos medicamentos.

A construção de bons hábitos alimentares, somada ao tratamento correto, tem permitido que muitos pacientes vivam com mais saúde e menos oscilações metabólicas.

Já no diabetes tipo 1, que é insulino-dependente, o cenário é diferente. Ainda não existe remissão, mas, em pacientes com sobrepeso, vem sendo estudado, de forma experimental, o uso desses medicamentos em conjunto com a insulina.

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O objetivo é melhorar o controle glicêmico e reduzir as doses necessárias de insulina, sempre com acompanhamento médico rigoroso. Trata-se de uma área em evolução, que exige cuidado redobrado para evitar episódios de hipoglicemia.

Diabetes gestacional: quando há remissão após o parto

No caso do diabetes gestacional, o cenário é particular. Na maior parte das vezes, a condição desaparece após o parto, já que a retirada da placenta reduz a resistência à insulina e normaliza os exames.

No entanto, mesmo com essa “cura”, o diagnóstico funciona como um importante sinal de alerta para o futuro. Mulheres que já tiveram diabetes gestacional apresentam risco significativamente maior de desenvolver diabetes tipo 2 ao longo dos anos, especialmente se houver ganho de peso ou retorno a hábitos alimentares inadequados.

Por isso, adotar mudanças de estilo de vida antes da gravidez e mantê-las após o nascimento do bebê é fundamental para reduzir esse risco e preservar a saúde metabólica a longo prazo.

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Avanços no tratamento mudam o futuro do diabetes

Com todos esses avanços, a perspectiva de vida para quem convive com diabetes tipo 2 mudou.

A redução do peso corporal, o melhor controle glicêmico e a diminuição das comorbidades associadas, como doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e outras complicações metabólicas, mostram que o futuro é promissor.

O tratamento moderno não apenas controla a doença, mas oferece qualidade de vida e esperança, consolidando uma nova era no cuidado ao diabetes.

* Maurício Yagui Hirata é endocrinologista, membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein e Sírio-Libanês. Head nacional de Endocrinologia da Brazil Health.

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(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)

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