Os análogos de GLP-1 injetáveis, famosas canetas emagrecedoras, mudaram a história do tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade. Agora é a vez das versões orais dessas moléculas ganharem atenção da ciência.

Quem começou essa onda foi a Novo Nordisk, com o lançamento do Rybelsus  (semaglutida oral, o mesmo princípio ativo de Ozempic e WeGovy), em 2019, que contém 14mg de semaglutida.

Agora, a Lilly também está prestes a lançar sua molécula oral. Mas, ela não é uma versão oral do Mounjaro (tirzepatida), e sim uma molécula totalmente nova, a orfogliprona.

Para saber qual comprimido é mais potente, a Lilly conduziu o estudo ACHIEVE-3, um ensaio clínico de fase 3 randomizado que avalia a segurança e a eficácia da orforgliprona em comparação com a semaglutida oral.

O teste reuniu 1.698 adultos com diabetes tipo 2 descontrolado. Ele durou 52 semanas (13 meses) e comparou orforgliprona (12 mg e 36 mg) com semaglutida oral (7 mg e 14 mg), avaliando tanto o controle glicêmico quanto a perda de peso.

Continua após a publicidade

Nos dois desfechos, a orforgliprona foi superior a semaglutida oral:

  • Redução de hemoglobina glicada: orfogliprona atingiu em uma média de 1,9% (12 mg) e 2,2% (36 mg) em comparação com 1,1% (7 mg) e 1,4% (14 mg) da semaglutida oral. Para estar controlada, a hemoglobina glicada (que reflete a média dos níveis de açúcar no sangue ao longo dos últimos 2 a 3 meses) deve ficar abaixo de 5,7%, o que foi alcançado por 37,1% dos participantes que tomaram a dose mais alta de orforgliprona em comparação com 12,5% que tomaram a dose mais alta de semaglutida oral.
  • Perda de peso: com orforgliprona, os participantes perderam em média 6,6 kg (6,7%; 12 mg) e 8,9 kg (9,2%; 36 mg) em comparação com 3,6 kg (3,7%; 7 mg) e 5 kg (5,3%; 14 mg) com semaglutida oral. Na comparação da dose mais alta, a perda de peso com a orfogliprona foi 73,6% maior.

+Leia Também: Comprimido primo do Mounjaro reduz peso em até 12% em estudo

O que explica a superioridade da Orfogliprona

Muita gente tem receio dos análogos de GLP-1 por eles serem, em sua maioria, administrados através de canetas subcutâneas que o próprio paciente aplica.

Continua após a publicidade

Mas existe uma razão muito simples para isso: esses remédios são uma imitação de uma molécula peptídica, ou seja, uma fração de uma proteína.

E sabe quem é especialista em quebrar proteínas? Sim, o seu sistema digestivo. Por isso esses medicamentos tem se mostrado muito mais efetivos quando aplicados diretamente na corrente sanguínea, daí a dificuldade de criar uma versão oral.

Para você ter uma ideia, o uso do Rybelsus (semaglutida oral) exige uma série de cuidados: deve ser tomado com o estômago vazio e engolido inteiro (sem partir, esmagar ou mastigar) com apenas um gole de água (no máximo meio copo, equivalente a 120 ml). Após isso, é necessário esperar pelo menos 30 minutos antes de comer ou beber.

Continua após a publicidade

E os 14g de semaglutida oral do medicamento tem a mesma eficácia de 1mg de semaglutida injetável (Ozempic), já que boa parte da medicação é perdida na ingestão. Daí ela ser aprovada apenas para o tratamento do diabetes tipo 2.

A orfogliprona, no entanto, não é a tirzepatida oral. É uma molécula nova, pensada para ser ingerida via oral:

“Ela não é uma agonista dupla de GLP-1 e GIP, como a tirzepatida, é agonista apenas de GLP-1 mas é uma molécula não peptídica, o que facilita muito do ponto de vista de metabolismo e absorção oral, fazendo ela ser mais potente”, explica o endocrinologista e diretor médico da Eli Lilly, Luiz Andre Magno.

Continua após a publicidade

Em estudos de fase 3, a orfogliprona demonstrou que é capaz de gerar cerca de 12% de perda de peso, índice maior que do Ozempic.

Fonte

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *