A morte de uma mulher em São Vicente, no litoral paulista, chamou atenção para os riscos das injeções de hidrogel feitas de forma irregular no Brasil.
O uso da substância para preenchimentos já foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no passado, mas as normas se tornaram mais rígidas na última década após a comprovação dos perigos de longo prazo associados ao procedimento.
Hoje, o principal uso do hidrogel é externo, como cicatrizante.
Entenda o caso
Jamili Carvalho Oliveira, de 35 anos, morreu no último sábado (13) em um hospital de São Vicente após fazer uma aplicação caseira de hidrogel. Segundo pessoas próximas da vítima, todo o procedimento foi feito na casa de um amigo.
A aplicação teria ocorrido originalmente em 15 de agosto, com as complicações ocorrendo nas semanas seguintes. As investigações têm como suspeita inicial uma sepse cutânea, que teria evoluído após uma infecção na área de aplicação, agravada ao longo dos dias.
Procedimentos irregulares com hidrogel têm causado mortes nos últimos anos no Brasil. Médicos orientam a procurar um serviço de saúde imediatamente em caso de qualquer inchaço, vermelhidão ou dor após o uso da substância. Quanto mais cedo a infecção for tratada, maiores as chances de sobrevivência.
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O que é o hidrogel
Quando utilizado em procedimentos estéticos, o hidrogel é composto por uma proporção de 98% de água e 2% de uma substância conhecida como poliamida. Em preenchimentos, ele é injetado em camadas profundas da pele com o objetivo de dar mais volume à região desejada, geralmente na área das coxas e glúteos.
Muito popular no passado devido ao baixo custo, o hidrogel caiu em desuso nos últimos anos após novas evidências apontando riscos de longo prazo associados à substância, como a sua migração para outras partes do corpo. Em 2014, o Aqualift, principal hidrogel de uso estético no Brasil, perdeu seu registro na Anvisa.
O hidrogel ainda é empregado de forma regular em usos externos, com benefícios na cicatrização de feridas. Como o produto segue no mercado, continuam ocorrendo casos de aplicação irregular em preenchimentos, que podem levar a complicações fatais, como no caso em São Vicente.
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