Cansaço persistente, dores nas costas e infecções recorrentes podem parecer apenas sinais do tempo, do esforço físico ou de uma queda momentânea da imunidade. Mas, em alguns casos, esses sintomas são o primeiro alerta de uma condição mais grave e silenciosa: o mieloma múltiplo, um tipo de câncer do sangue que afeta principalmente pessoas acima dos 60 anos¹.

A doença tem início na medula óssea, onde são produzidas as células de defesa do organismo. Ali, um tipo específico de célula — o plasmócito — passa a se multiplicar de forma desordenada, comprometendo a produção normal das células sanguíneas e liberando substâncias que podem afetar ossos e rins¹.

Com o tempo, o sistema imunológico se enfraquece, aumentando a vulnerabilidade a infecções, enquanto o acúmulo dessas proteínas anormais pode causar dores, anemia e risco de fraturas2.

Segundo o hematologista Luciano Costa, especialista em mieloma múltiplo, a atenção aos sinais é fundamental. “Trata-se de uma doença rara e, justamente por isso, o diagnóstico costuma demorar. Muitas vezes o paciente apresenta dor óssea persistente ou anemia sem causa aparente, e é preciso que o médico generalista suspeite e investigue com mais profundidade.”

Por se desenvolver de maneira lenta e com sintomas pouco específicos, o mieloma múltiplo costuma ser diagnosticado tardiamente — o que pode atrasar o início do tratamento e reduzir as chances de controle3. “É importante lembrar que a incidência aumenta com a idade. Em pessoas acima de 70 anos, uma dor que não passa deve ser investigada com mais atenção”, reforça o especialista.

Reconhecer precocemente os sinais e buscar avaliação médica especializada é essencial para definir o  caminho terapêutico adequado — etapas em que a ciência tem ampliado as possibilidades nos últimos anos.

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Caminhos do tratamento

Tradicionalmente, o tratamento para o mieloma começa com o transplante autólogo de medula óssea (TMO),  considerado a principal abordagem terapêutica para pacientes elegíveis, ou seja, aqueles com bom estado geral de saúde e sem comorbidades que impeçam o procedimento4. O médico avalia critérios como idade, condições clínicas e funcionamento de órgãos vitais antes de indicar o transplante.

“O transplante continua sendo uma opção importante, mas não é a única”, explica Costa. “Hoje temos terapias capazes de oferecer bons resultados também para pacientes que não são elegíveis, o que representa uma mudança significativa na forma de tratar o mieloma.”

Nos últimos anos, a introdução de novas terapias combinadas — incluindo medicamentos imunológicos que estimulam o próprio sistema de defesa do organismo a reconhecer e eliminar as células doentes — trouxe evoluções relevantes e ampliou as alternativas de cuidado.

Segundo ele, esses progressos marcam uma nova fase da medicina oncológica. “Estamos vivendo uma nova era”, afirma. “Saímos de tratamentos que apenas atacavam as células tumorais para estratégias que recrutam o sistema imune a agir contra o câncer. Isso muda completamente o cenário para os pacientes.”

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Com essas novas estratégias terapêuticas, o controle da doença tende a ser  rápido e eficaz5, com redução de sintomas como dor, fadiga e fraqueza. “Muitos pacientes conseguem manter suas atividades, trabalhar e conviver com a família”, diz o especialista.

Ele acrescenta que as terapias atuais são mais bem toleradas5. “Embora as imunoterapias exijam acompanhamento especializado, os efeitos colaterais são, em geral, muito menores do que no passado. Assim, o paciente pode seguir o tratamento com mais conforto e menos limitações.”

Múltiplas chances para viver bem

Esses avanços permitem controlar o mieloma múltiplo por períodos mais longos, com estabilidade clínica e maior bem-estar.

Um exemplo é o do cabeleireiro Ezequiel Fazzio Paulino, de 68 anos, morador de Botucatu (SP). Em 2019, ele começou a sentir dores fortes nas costas — sintomas que atribuiu ao trabalho e à rotina ativa. Foram meses de tentativas frustradas de alívio até que uma ressonância revelou um quadro avançado da doença.“Os médicos disseram que eu tinha só 5% de chance de continuar andando. Foi um choque. Pensei que minha vida tinha acabado”, relembra.

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Ezequiel precisou passar por uma cirurgia na coluna, já que o mieloma havia comprometido as vértebras. Mesmo após o procedimento, o quadro inspirava muitos cuidados e sua equipe médica recomendou iniciar imunoterapia, como alternativa ao transplante. Hoje, seis anos depois do diagnóstico, Ezequiel segue com a doença controlada, utilizando a mesma medicação e uma rotina próxima da que tinha antes.

 “Sou grato à ciência e aos meus médicos. Tenho qualidade de vida, mesmo com limitações. Voltei a trabalhar e até a dançar forró. Isso me dá alegria e força para seguir”, conta.

Novas possibilidades de controle da doença

Para muitos pacientes, o mieloma se tornou uma condição crônica, que exige acompanhamento contínuo, mas não impede uma vida plena. “Mesmo em remissão, é preciso vigilância, mas o paciente pode ter uma trajetória longa e produtiva”, afirma Costa.

Segundo ele, o objetivo hoje vai além de estender a sobrevida. “Viver mais não significa viver em sofrimento. Conseguimos remissões completas e, muitas vezes, detectamos sinais de recaída apenas em exames de sangue, antes de qualquer sintoma, o que permite agir precocemente”, explica.

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“Eu costumo dizer aos pacientes que, felizmente, a velocidade da evolução terapêutica é maior do que a da própria doença. Isso traz enorme segurança e esperança”, complementa o hematologista.

Na avaliação dele, esse progresso tem permitido que muitas pessoas convivam com o mieloma por longos períodos, mantendo uma rotina equilibrada e integrada ao tratamento — sem grandes restrições.

Por isso, é fundamental que o paciente mantenha-se ativo e engajado em todas as etapas do cuidado, seguindo em diálogo constante com seu médico para ajustar a estratégia terapêutica e garantir o tratamento mais adequado em cada fase.

Inovação, cuidado e informação

A Johnson & Johnson Innovative Medicine acredita que informação de qualidade é estar um passo à frente do câncer6. Por isso, investe continuamente em pesquisa, desenvolvimento e educação médica, unindo inovação e cuidado humano para transformar o tratamento do mieloma múltiplo e de outras doenças complexas.

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Segundo Costa, o investimento em inovação tem sido decisivo. “Os avanços que temos hoje são resultado de décadas de pesquisa. A ciência é o que permite oferecer múltiplas chances de vida para cada paciente.”

Mais do que prolongar a vida, a ciência pode — e deve — devolver qualidade, propósito e esperança.

Referências

  1. INTERNATIONAL MYELOMA FOUNDATION. Multiple Myeloma Diagnosis. Disponível em: https://www.myeloma.org/multiple-myeloma/multiple-myeloma-diagnosis. Acesso em 16 de outubro 2025.
  2. Rajkumar SV. Multiple Myeloma: 2020 Update on Diagnosis, Risk-Stratification and Management. American Journal of Hematology. 2020;95(5):548–567.Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32212178/. Acesso em 2 de dezembro de 2025.
  3. K Kyle RA, Rajkumar SV. Multiple myeloma. Blood. 2008 Mar 15;111(6):2962-72. doi: 10.1182/blood-2007-10-078022. PMID: 18332230; PMCID: PMC2265446. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18332230/ . Acesso em 2 de dezembro de 2025.
  4. Hallack Neto, A. E., & Maiolino, A. (2020). What is the role of Autologous Hematopoietic Stem Cell Transplantation (AHSCT) in the scenario of new drugs for Multiple Myeloma (MM). JOURNAL OF BONE MARROW TRANSPLANTATION AND CELLULAR THERAPY, 1(2), 27–29. Disponível em: https://jbmtct.sbtmo.org.br/jbmtct/article/view/11 . Acesso em 2 de dezembro de 2025.
  5. Richardson PG, Durie BG, Rosiñol L, Mateos M-V, Dispenzieri A, Moreau P, Kumar S, Raje N, Munshi N, Laubach JP, O’Gorman P, O’Donnell E, Voorhees P, Facon T, Bladé J, Lonial S, Perrot A, Anderson KC. Clinical perspectives on the optimal use of lenalidomide plus bortezomib and dexamethasone for the treatment of newly diagnosed multiple myeloma. Haematologica 2023;108(11):2894-2912. Disponível em: https://haematologica.org/article/view/haematol.2022.282624 . Acesso em 2 de dezembro de 2025.
  6. J&J MEDICAL CONNECT. Carvykti Cartitude4. Disponível em: https://www.jnjmedicalconnect.com/products/carvykti/medical-content/carvykti-cartitude4-mmy3002-study. Acesso em 16 de outubro 2025.

Fonte

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