
Você já deve ter lido algumas vezes que, em nome da saúde, pode ser uma boa pedida aposentar sua tábua de madeira na cozinha, substituindo-a por algum material menos propenso a contaminações. Afinal, esses utensílios costumam ser porosos e difíceis de higienizar, abrindo caminho para a proliferação de bactérias.
A recomendação de fato tem sentido (e também vale para colheres de pau!), mas focar apenas no material da sua tábua de corte pode ser um erro: o manuseio inadequado daquilo que você tem na cozinha também abre caminho para os micróbios chegarem ao seu alimento e causarem encrencas na saúde, como uma intoxicação alimentar.
Entenda melhor o que você deve levar em conta na hora de escolher a melhor tábua de corte – e os cuidados necessários para preservar sua saúde além da definição do material.
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O que diz a Anvisa?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não chega a definir um material específico para a melhor tábua de corte, mas tem indicações claras das características que esse utensílio precisa ter.
Segundo a RDC 216/2004, superfícies utilizadas na preparação de alimentos precisam ser “lisas, impermeáveis, laváveis e estar isentas de rugosidades, frestas e outras imperfeições que possam comprometer a higienização dos mesmos e serem fontes de contaminação dos alimentos”.
É daí que costuma vir a orientação de que tábuas de madeira (ou bambu) sejam evitadas. Embora você até possa obter um material orgânico de alta densidade e pouco poroso, esses utensílios exigem bastante manutenção para garantir que não passem a ter ranhuras ou se tornem permeáveis com o passar do tempo. O ideal é substituí-los periodicamente, o que muita gente acaba não fazendo.
Nesses casos, uma opção mais segura costuma ser o uso de tábuas de polietileno de alta densidade, o PEAD, um tipo de plástico bem duro, bastante empregado em cozinhas profissionais. Outra alternativa que cumpre as características descritas pela Anvisa são tábuas de vidro temperado, mas elas geram resistência devido ao risco de acidentes e a tendência a detonar o fio das facas.
Em qualquer cenário, mesmo quando os materiais são mais seguros que a madeira, é importante ter atenção a alterações nas suas tábuas de corte. Por mais resistentes que elas sejam, desgastes inevitavelmente ocorrem com o tempo, e qualquer ranhura, trinca ou outro sinal de dano físico pode se tornar um espaço propício para contaminações.
Notou algo diferente na superfície da sua tábua? Não importa se é madeira, bambu, plástico, vidro ou outro material: é hora de trocar.
Cuidados vão além do material da tábua
O foco no material da tábua, porém, não é a única questão a levar em conta em relação à segurança alimentar envolvendo esses utensílios.
Um problema igualmente sério, e bem mais negligenciado no dia a dia, é a contaminação cruzada que pode ocorrer quando você usa a mesma tábua para cortar itens crus (sobretudo carnes) e aqueles já preparados para o consumo, sem higienizá-la adequadamente entre um processo e outro.
O ideal, mesmo, seria ter uma tábua para cada tipo da alimento – ou, no mínimo, uma tábua para cortar a comida antes e outra para depois de cozinhá-la.
Se isso não for possível, sua tábua de corte deve ser muito bem lavada entre um uso e outro. Use água e detergente neutro, esfregando bem com esponja ou escova. Ao menos uma vez por mês, um cuidado extra é mergulhá-la em uma solução de água sanitária por cerca de 15 minutos.
Outra vez, tábuas de materiais como o PEAD ou o vidro tendem a ser mais fáceis de limpar, pois costumam se manter bem lisas e impermeáveis por mais tempo. A maioria desses produtos também pode ir para a máquina de lavar louças (mas confira bem as orientações do fabricante antes de fazer isso), algo que não é indicado para tábuas de madeira ou bambu.
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