A Anvisa aprovou recentemente o medicamento Nustendi, combinação de ácido bempedóico com ezetimiba, para o tratamento do colesterol alto

Para entender a importância do anúncio, precisamos recuperar um pouco da história do combate a esta condição.

Um dos maiores avanços da medicina moderna foi a determinação do colesterol como um fator de risco cardiovascular gerador de mortes, infarto do coração e derrame cerebral.

Em seguida, tivemos outra revolução: o desenvolvimento de medicamentos eficazes em não somente baixar o colesterol LDL, mas reduzir os eventos cardiovasculares. Estamos falando das estatinas.

Medicamentos já consagrados pelo longo tempo de uso e pelos milhares de estudos comprovando eficácia e segurança, as estatinas têm baixo custo e diversas versões genéricas disponíveis. Incrivelmente, esta classe de medicamentos, apesar de todos estes benefícios, sofre com fake news há anos. São tantas que acho melhor nem enumerar.

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Desde a chegada da primeira estatina no Brasil há quase 40 anos, milhares de vidas foram salvas.

Um dos pontos, porém, que limita o uso das estatinas é o efeito adverso de dor muscular, que ocorre em uma minoria dos pacientes. A dor muscular induzida pelas estatinas acontece geralmente após o início da medicação, melhora com a suspensão dos medicamentos e tem predileção pela região dos ombros e do quadril.

A dor é insidiosa e pode estar associada a câimbras, fraqueza ou sensação de peso.

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Neste cenário, surge o ácido bempedóico. Esta medicação, que bloqueia uma enzima diferente da bloqueada pelas estatinas, impede a produção de colesterol ruim, o LDL, pelo fígado. Mas o mais importante não é apenas reduzir o colesterol, mas sim a sua grande e temida consequência: as doenças cardiovasculares.

Em um grande estudo com mais de 13 mil participantes que eram intolerantes ou não gostariam de usar estatinas observou-se que o uso oral diário de ácido bempedóico reduziu em cerca de 13% o risco de morte, derrame cerebral, infarto do coração e procedimentos de revascularização.

Para aumentar ainda mais sua eficácia, a farmacêutica Daiichi Sankyo fez uma combinação no mesmo comprimido do ácido bempedóico com uma molécula já conhecida do mercado brasileiro, a ezetimiba.

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A ezetimiba reduz a absorção de colesterol pelo intestino. Esta combinação promove uma redução de aproximadamente 40% no colesterol ruim, índice muito superior ao de cada molécula isoladamente.

O Nustendi é um medicamento oral, que poderá ser tomado uma vez ao dia e possui baixo risco de efeitos adversos, tornando-se uma excelente alternativa àquelas pessoas com efeitos colaterais das estatinas, especialmente a dor muscular.

Mas não só isso. Na minha opinião, abre-se outra possibilidade: utilizar o novo medicamento em conjunto com as estatinas naquelas pessoas que, apesar de tolerar e usarem as estatinas regularmente, não atingiram as metas de colesterol LDL. Sim, a grande maioria dos brasileiros se encontra com o colesterol descontrolado.

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O lançamento do Nustendi chega para nos ajudar a combater esta “pandemia” silenciosa de doenças cardiovasculares, que lideram o ranking de mortes no Brasil há anos.

Ainda não há o registro de preço na ANVISA e a previsão é de que a combinação de ácido bempedóico com ezetimiba no mesmo comprimido chegue às farmácias no segundo semestre de 2025.

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