
A Novo Nordisk, farmacêutica por trás do Ozempic, divulgou na segunda-feira (24) resultados negativos de um amplo estudo que buscava avaliar os benefícios da semaglutida em retardar as perdas cognitivas e funcionais ocasionadas pelo Alzheimer: a versão de uso oral da molécula não apresentou benefícios quando comparada a um placebo, após dois anos de acompanhamento.
Os testes utilizaram o Rybelsus, nome comercial da versão em comprimido da molécula. Embora só tenha indicação formal para tratar o diabetes tipo 2 (o uso para emagrecimento é off-label), o medicamento tem apresentado resultados promissores na melhora de outros aspectos da saúde, como a saúde cardiovascular, do fígado e dos joelhos.
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Medicamento não trouxe benefícios contra o Alzheimer
Os estudos que tiveram seus resultados divulgados nesta semana eram de fase 3, que busca verificar a eficácia e segurança de um novo tratamento em um grande número de pessoas. O objetivo é avaliar se há vantagens em utilizar o método (no caso, o Rybelsus) na comparação com um placebo ou tratamentos já existentes.
Mais de 3,8 mil pacientes foram acompanhados durante 104 semanas (dois anos). O grupo que fez uso da semaglutida oral até apresentou melhoras em alguns biomarcadores, mas não houve vantagem clínica em relação às perdas cognitivas e funcionais medidas pela escala de classificação de demência conhecida como CDR-SB.
A falta de resultados fez o estudo ser interrompido antes do prazo inicialmente previsto: caso houvesse indícios positivos, a ideia era que o acompanhamento fosse estendido por um terceiro ano.
O que acontece agora?
As pesquisas divulgadas esta semana praticamente encerram as esperanças de que a semaglutida oral possa trazer benefícios como terapia auxiliar para o Alzheimer.
No entanto, isso não necessariamente indica o fim das pesquisas com apresentações diferentes dessa substância ou com outros medicamentos da classe dos análogos de GLP-1, que hoje são indicados principalmente para tratar diabetes e obesidade.
Vários estudos iniciais e algumas pesquisas observacionais vêm sugerindo que fármacos dessa categoria podem ser úteis contra o Alzheimer ou outros tipos de demência.
Porém, para comprovar esse benefício, é necessário que as vantagens se mantenham quando os estudos se tornam mais amplos e chegam à fase 3, justamente aquela que acabou reprovando o Rybelsus como possibilidade neste caso.
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