Foram divulgada nesta semana novas informações sobre o estado de saúde do youtuber Paulo Nascimento, conhecido como Pirulla. Após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) em maio, episódio que exigiu internação em unidade de terapia intensiva (UTI), o criador de conteúdo voltou a ser hospitalizado para dar sequência ao tratamento.

Segundo anúncio feito na última sexta-feira (28), no perfil do podcast Os Três Elementos, do qual o biólogo e divulgador científico faz parte, Pirulla retornou ao centro de reabilitação em 9 de novembro.

O objetivo foi iniciar uma nova etapa de atividades. De acordo com a nota, essa fase envolve “novos desafios terapêuticos e avaliações de progresso”. O retorno, afirma a equipe, foi recebido com entusiasmo pela família e pelos profissionais que o acompanham, pois sinaliza avanços na recuperação.

A expectativa era de que Pirulla voltasse para casa ainda no final de novembro, encerrando esse ciclo de reabilitação. Até o momento, porém, não houve novos comunicados sobre o desfecho dessa etapa.

Por que ser hospitalizado de novo?

De acordo com o neurologista Gil Rosa, do Centro Especializado em Neurologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a reabilitação pós-AVC é um programa individualizado que conta com metas definidas junto ao paciente e à família.

Com isso, é comum que pessoas que passaram pelo acidente vascular retornem ao centro de reabilitação em diferentes momentos do processo.

Isso costuma acontecer cada vez que o paciente atinge um novo patamar de evolução e precisa de desafios diferentes. Outros exemplos são quando a vida tem demandas mais complexas – como voltar ao trabalho ou à dirigir – ou a equipe identifica uma nova chance de ganho funcional.

Continua após a publicidade

“Uma segunda fase é indicada quando o cérebro já passou pela fase aguda e está pronto para treinos mais complexos e funcionais, como correr, escrever melhor, pegar objetos menores, melhorar a fala, entre outros”, explica.

O que esperar após um AVC

Existem dois tipos principais de AVC: o isquêmico e o hemorrágico. No AVC isquêmico, um vaso do cérebro fica “entupido”. Com isso, o sangue deixa de chegar a uma determinada área e essa parte do cérebro perde sua função.

Já no AVC hemorrágico, o problema é o rompimento de um vaso. O sangue extravasa para o tecido cerebral e, além da pressão extra, causa um efeito “tóxico” ali dentro. O resultado também é a perda da atividade daquela região.

A condição pode afetar os pacientes de diferentes formas. Há quem se recupere totalmente ou tenha sequelas que não trazem prejuízo à rotina. Mas também existem casos em que áreas importantes do cérebro são afetadas, levando à perda de funções muito necessárias.

Como cada pedacinho do cérebro é responsável por uma tarefa, quando esse local para de funcionar, aparece o sintoma correspondente. Pode ser fraqueza em um braço, dificuldade para falar, perda de sensibilidade numa perna, entre outros sinais.

Continua após a publicidade

Resumindo, a gravidade e o tipo de sequelas do AVC também dependem da extensão e localização da lesão, do socorro imediato e das intervenções pós-AVC.

“Estatisticamente, as sequelas mais comuns são fraqueza em um lado do corpo (hemiparesia), dificuldade para falar (afasia), dificuldade para engolir (disfagia) e dificuldade no equilíbrio (ataxia)”, estima Rosa.

Como se recuperar depois de um AVC

O cérebro tem uma capacidade incrível de se reorganizar após uma lesão. Por isso, mesmo depois de um AVC, é possível recuperar funções perdidas, total ou parcialmente. A reabilitação pós-AVC existe justamente para ajudar nessa retomada. O objetivo é devolver ao paciente o máximo de autonomia nas tarefas do dia a dia.

Para essa etapa, diferentes especialistas trabalham juntos, de acordo com o tipo de sequela que o paciente enfrenta. O médico fisiatra coordena o plano de cuidados; o fisioterapeuta atua na recuperação de movimentos, equilíbrio e marcha; o fonoaudiólogo ajuda na fala, na linguagem e na deglutição; o terapeuta ocupacional foca nas habilidades do dia a dia e nas adaptações que podem facilitar a vida em casa; e o psicólogo oferece suporte emocional e acompanha a adaptação às mudanças.

No entanto, o tempo é um fator decisivo. Ser rápido ao socorrer alguém que sofreu um AVC faz toda a diferença, reduzindo o risco de morte e de sequelas graves. Mas o cuidado não termina ali. Assim que a fase de urgência passa, também não se deve perder tempo de reabilitação.

Continua após a publicidade

Quanto antes esse processo é iniciado, maiores são as chances de recuperação. “As grandes melhoras acontecem entre o segundo e o sexto mês. Depois disso, você ainda pode ver uma melhora, mas as chances vão caindo com o tempo. Com um ano, elas já não são mais expressivas”, explica Felippe Saad, neurocirurgião, coordenador da neurocirurgia do Hospital Albert Sabin.

Por isso, rapidez na busca por um plano de reabilitação e apoio de equipe vasta são estratégias importantíssimas para devolver autonomia e qualidade de vida.

+Leia também: Depois de um AVC, busca por reabilitação deve ser rápida

Os principais desafios

“A fase de reabilitação é um momento de muitos desafios“, julga Rosa. Afinal, a fase envolve adversidades no âmbito físico, cognitivo e emocional.

Segundo o neurologista, as questões físicas não só limitam a mobilidade do paciente, mas, caso não sejam tratadas de forma efetiva, podem desencadear rigidez e, consequentemente, dores.

Enquanto isso, alterações cognitivas podem ocasionar falta de memória recente, dificuldades com atenção e lentidão no processamento de informações. Já os aspectos emocionais são, segundo o médico, o principal desafio. “Transtornos de ansiedade, depressão, frustração e transtornos de ajustamento podem atrasar o processo de melhora.

Continua após a publicidade

“Por isso, é importante que o paciente e a família conversem com o médico e, quando necessário, com profissionais de saúde mental“, explica.

+Leia também: 5 sintomas de AVC para ficar atento

A reabilitação dura quanto tempo?

O tempo de recuperação depende da gravidade do AVC e da área do cérebro afetada, mas, de maneira geral, Saad explica que uma recuperação plena costuma levar cerca de um ano. Já alguns casos de AVC leve, por exemplo, podem precisar de um tratamento de semanas a poucos meses.

De todo modo, a recuperação funcional é contínua, diz Rosa, com pequenas conquistas ao longo do tempo. No caso de Pirulla, o retorno à reabilitação mostra exatamente como esse processo é gradual e personalizado. Cada nova etapa representa desafios e avanços, lembrando que a recuperação após um AVC é feita passo a passo, com paciência, acompanhamento especializado e apoio da família.

Compartilhe essa matéria via:

Fonte

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *