A pneumonia é uma infecção pulmonar que inflama os alvéolos, compromete a troca gasosa e pode levar a quadros graves quando não tratada.

O conceito de “pneumonia silenciosa” ou “pneumonia atípica” é antigo e remete a quadros não usuais do problema, causados por agentes bacterianos e virais que não incluem o Streptococcus pneumoniae, principal agente causador da pneumonia.

Esse termo ganhou destaque especialmente durante a pandemia de covid-19, mas já era descrito em surtos de infecção pela bactéria atípica Mycoplasma pneumoniae.

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O que é a pneumonia atípica ou silenciosa?

A pneumonia atípica é caracterizada pela ausência ou discrição dos sintomas clássicos da pneumonia, como febre alta, tosse produtiva com expectoração e dor torácica.

Esse fenômeno foi amplamente observado na covid-19, quando alguns pacientes apresentavam queda de oxigenação grave sem sinais evidentes de desconforto respiratório, um quadro conhecido como “hipóxia feliz”.

Essa condição ocorre porque o corpo pode, ainda que raramente, se adaptar a baixos níveis de oxigênio sem acionar sinais de alerta imediatos, como a falta de ar.

No entanto, o termo “pneumonia silenciosa” é controverso, pois pode levar à subestimação da gravidade da doença. A pneumonia, por definição, é uma condição sintomática, e a ausência de sintomas pode atrasar o diagnóstico e o tratamento.

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A literatura médica reforça que mesmo pacientes pouco sintomáticos podem desenvolver complicações respiratórias, especialmente idosos, indivíduos imunossuprimidos ou aqueles com comorbidades.

O que causa a pneumonia atípica?

Atualmente, o termo pneumonia atípica pode ser utilizado para se referir a pneumonias causadas por um grupo de germes, apresentados logo abaixo.

Eles são chamados de “atípicos” porque:

  • Causam sintomas mais leves;
  • Não respondem a antibióticos comuns, usados para tratar pneumonias típicas;
  • Possuem características clínicas e radiológicas distintas das pneumonias típicas.

Principais agentes causadores e seus sintomas

Para fins didáticos, pode-se definir a pneumonia atípica como aquela causada pelos seguintes principais patógenos atípicos:

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  • Mycoplasma pneumoniae: responsável por 10-20% dos casos de pneumonia adquirida na comunidade. Técnicas moleculares, como PCR, tem facilitado seu diagnóstico.
  • Chlamydophila pneumoniae: está associada a infecções respiratórias leves a moderadas, com sintomas prolongados e instalação insidiosa.
  • Legionella pneumophila: causadora da doença dos legionários, pode evoluir para formas graves, particularmente em imunossuprimidos.
  • Vírus respiratórios: como influenza e Sars-CoV-2, que podem provocar pneumonias virais de apresentação clínica variável.

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Sintomas da pneumonia atípica

Confira os principais:

  • Febre baixa ou ausente;
  • Tosse seca ou pouco produtiva;
  • Cefaleia, fadiga e mialgia;
  • Dor de garganta e sintomas gastrointestinais, especialmente em infecções por Legionella;
  • Dispneia leve ou inexistente, apesar de alterações radiológicas

A pneumonia atípica tem uma manifestação mais branda e subaguda, diferente da pneumonia comum, que tende a causar mal-estar intenso. Essa diferença pode retardar o diagnóstico, tornando essencial uma avaliação cuidadosa para evitar complicações.

Prevenção da pneumonia silenciosa

Atualmente, há vacinas para vírus causadores da doença, como o influenza, vírus sincicial respiratório (VSR) e Sars-CoV-2.

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Porém, não há vacina específica contra as bactérias. Dessa forma, algumas medidas podem reduzir o risco de infecções respiratórias em geral:

  • Cobrir a boca e o nariz com o antebraço ao tossir e espirrar;
  • Lavar as mãos com água e sabão com frequência;
  • Evitar levar crianças com sintomas a locais fechados e com aglomerações;
  • Manter os ambientes bem ventilados.

Em suma, a pneumonia atípica e os casos descritos como “pneumonia silenciosa” ressaltam a importância de uma abordagem diagnóstica abrangente, que considere não apenas os sintomas clínicos, mas também achados laboratoriais e de imagem.

Além disso, mostram como as doenças podem se manifestar de formas diferentes, exigindo atenção médica cuidadosa.

É essencial ficar atento a sintomas leves, como cansaço ou tosse seca. Quando esses sintomas forem persistentes, é necessário procurar um médico para evitar problemas respiratórios mais graves.

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O reconhecimento precoce dessas condições é fundamental para um tratamento eficaz.

*André Nathan é pneumologista do Hospital Sírio-Libanês

(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)

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