O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso preventivamente no último sábado (22), acusado de tentar violar a tornozeleira eletrônica com a qual era monitorado em sua residência em Brasília.

Na audiência de custódia, que manteve a preventiva, o político alegou “alucinação“ e “certa paranoia” como motivação para ter utilizado um ferro de solda no dispositivo.

Segundo a defesa de Bolsonaro, o ato seria consequência de efeitos colaterais relacionados aos remédios que ele vem tomando, como a sertralina e, em particular, a pregabalina, que ele passou a usar mais recentemente. Entenda melhor o que fazem esses medicamentos e se eles realmente podem levar a alucinações.

O que diz Bolsonaro

O ex-presidente afirmou que, em meio à suposta alucinação, sentiu que havia alguma escuta no interior da tornozeleira, o que o motivou a tentar abrir a tampa. Bolsonaro garantiu na audiência de custódia que “não se lembra de surto dessa natureza” antes do episódio de sábado e, por isso, acreditava se tratar de algo relacionado ao novo medicamento.

O político também relatou que teria começado a tomar um dos remédios “cerca de quatro dias antes” dos fatos. Posteriormente, a equipe médica que acompanha Bolsonaro sugeriu que o quadro poderia ter sido induzido pelo uso da pregabalina, receitada por outra profissional, “sem o conhecimento ou consentimento” de Claudio Birolini e Leandro Echenique, que têm tratado o ex-presidente de forma rotineira.

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O que são e para que servem a pregabalina e a sertralina

A pregabalina é um medicamento anticonvulsivante (usado, por exemplo, para a epilepsia) também indicado no tratamento de ansiedade, que atua na modulação dos chamados canais de cálcio. Ele reduz a liberação de neurotransmissores, diminuindo uma série de estímulos nervosos e ajudando a gerenciar melhor as diferentes condições para as quais o fármaco é prescrito.

Já a sertralina é um antidepressivo da classe dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS). Como essa descrição sugere, a sertralina ajuda a inibir a reabsorção do hormônio serotonina, o que aumenta sua disponibilidade para agir no organismo, aliviando sintomas de depressão e outras condições psiquiátricas, como a ansiedade ou o transtorno de estresse pós-traumático, conforme indicação médica.

Elas podem causar alucinações?

Conforme descrito em suas bulas, tanto a pregabalina quanto a sertralina podem causar alucinações, mas nos dois casos é uma reação adversa descrita como “incomum”, que ocorre em menos de 1% dos pacientes que fazem uso do remédio.

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O uso isolado ou combinado de ambos é considerado seguro para a maioria das pessoas. Entretanto, cada indivíduo pode reagir de forma distinta. Dosagens específicas, predisposições e fatores metabólicos diversos podem levar ao aparecimento de efeitos mais graves em alguns pacientes.

No caso de Bolsonaro, os médicos também sugeriram a possibilidade de que a pregabalina tenha interagido com outros medicamentos que ele já utilizava previamente para o tratamento das suas crises de soluços (a gabapentina e a clorpromazina).

A suspeita maior recaiu sobre a pregabalina porque ela foi a indicação mais recente, receitada pela médica Marina Pasolini em 17 de novembro, na dosagem diária de um comprimido de 75 mg, após o café da manhã.

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Pessoas que fazem uso de medicamentos psiquiátricos devem sempre ouvir o médico que acompanha seu caso há mais tempo antes de inserir um novo fármaco na rotina, para avaliar os riscos e benefícios, e até mesmo a eventual suspensão de um remédio que possa estar produzindo efeitos indesejados.

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