Por muito tempo, a saúde mental no ambiente corporativo foi vista como um luxo, um diferencial oferecido por empresas preocupadas com o bem-estar de seus colaboradores. Mas essa era chegou ao fim.

Com a sanção da Lei nº 14.831, a atenção à saúde emocional dos trabalhadores não é mais uma opção, mas uma obrigação legal. E, se antes o debate ficava restrito a iniciativas pontuais e discursos vazios, agora se torna um elemento central da estratégia organizacional.

O mundo corporativo, por décadas, normalizou a cultura do “aguente firme”, romantizou a exaustão e impôs jornadas massacrantes sob o pretexto de produtividade. Mas essa mentalidade não se sustenta mais.

O esgotamento profissional, a ansiedade e os transtornos psicológicos não são desvios de conduta ou fraquezas individuais, mas sintomas de um sistema que por tempo demais negligenciou o fator humano. Agora, com a legislação exigindo a implantação de políticas efetivas para prevenção e cuidado da saúde mental, as organizações precisam sair do discurso e entrar na prática.

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O impacto dessa mudança recai diretamente sobre o RH e as lideranças, que passam a desempenhar um papel importante na transformação da cultura corporativa. Agora, não basta oferecer programas superficiais ou ações paliativas.

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É preciso um olhar estruturado, que envolva diagnóstico contínuo dos níveis de estresse e burnout; reformulação das lideranças, para que gestores deixem de ser perpetuadores de pressão e passem a atuar como facilitadores de um ambiente psicologicamente seguro; humanização das relações de trabalho, e, principalmente, redefinição do que significa produtividade.

De nada adianta oferecer aplicativos de mindfulness ou espaços de descompressão se a carga de trabalho continua insustentável.

O verdadeiro desafio é mudar a mentalidade organizacional e encarar a saúde mental como um pilar estratégico, não como um custo ou uma formalidade legal. Empresas que ignorarem essa transformação não apenas correrão riscos jurídicos, mas também verão sua reputação e capacidade de atrair talentos desmoronar.

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Os profissionais de hoje buscam ambientes que não os adoeçam. A nova lei é um chamado à responsabilidade. As empresas podem escolher entre serem agentes ativos dessa nova era ou ficarem para trás, presas a um modelo de gestão que já não tem mais espaço no mundo moderno.

As organizações que compreenderem a profundidade dessa legislação abrirão caminho para uma força de trabalho mais engajada, criativa e produtiva.

A grande revolução das empresas no século XXI não está na automação, na inteligência artificial ou nas novas metodologias ágeis, mas na capacidade de compreender que um time saudável mentalmente é o verdadeiro motor da inovação e do sucesso sustentável.

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E a pergunta que fica é: você quer liderar essa mudança ou ser forçado a se adaptar?

*Allessandra Canuto é mestre em psicologia organizacional, especialista em inteligência emocional e saúde mental para o desenvolvimento de equipes de alta performance

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