A fissura anal pode transformar o simples e corriqueiro ato de evacuar em um momento torturante, com dor intensa, que pode se estender por mais uma ou duas horas após evacuação.

Basicamente, a fissura é um corte ou ferida na pele da borda anal, geralmente causada pela passagem de fezes secas, endurecidas e calibrosas ou por situações que levam à contração (hipertonia) do esfíncter interno do ânus.

Esse músculo não tem controle voluntário e, quando ele não relaxa, dificulta a saída das fezes. Isso pode ocorrer em quadros de estresse ou como uma resposta do organismo para impedir a evacuação dolorosa.

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Cria-se, assim, um ciclo de piora progressiva. A dor leva à hipertonia do esfíncter, que dificulta e retarda ou interrompe a evacuação, contribuindo para o ressecamento das fezes que, por sua vez, levará a novos ferimentos até que a cicatrização deixa de acontecer.

É assim que a fissura anal aguda torna-se crônica. A pele nas bordas do corte apresenta fibrose, depois surge o plicoma, um excesso de pele na região anal, e a papila hipertrófica, inflamação de uma glândula próxima, responsável pela produção de um filme lubrificante que auxilia o deslizamento das fezes.

Dieta inadequada e o hábito de retardar a ida ao banheiro, adiando a evacuação, são comportamentos que favorecem o ressecamento das fezes e o processo que leva à fissura. Alguns medicamentos, como as canetas emagrecedoras, também entram na lista.

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Fissuras anais são mais frequentes em crianças e adultos jovens, mas podem ocorrer em qualquer idade.

Além da dor intensa e duradoura, outros sinais são sangramento observado no papel higiênico após a evacuação (é diferente do sangramento de uma hemorroida, que pode pingar), sensibilidade e ardência na região anal e, eventualmente, sensação de evacuação incompleta.

São indícios que recomendam agendar logo consulta com um proctologista. Quando mais cedo o diagnóstico e tratamento, menor o risco de evolução para a fissura anal crônica.

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Como é o tratamento da fissura anal

A primeira frente de cuidados envolve mudanças comportamentais para evitar novos episódios de evacuação de fezes endurecidas e ressecadas. Isso inclui alimentação equilibrada e com bastante fibras, prática de atividade física regular e obedecer ao chamado do organismo para evacuar na hora que a vontade aparecer.

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Nos casos em que não há cicatrização da fissura, a estratégia terapêutica focará a hipertonia do esfíncter anal. O objetivo é evitar os episódios de contração desse músculo e facilitar seu relaxamento e a evacuação, dando condições para que a cicatrização ocorra naturalmente. Para isso são indicadas pomadas analgésicas e medicamentos de uso tópico.

Em 70% dos casos e em fissuras anais agudas, essa combinação de mudanças comportamentais e medicamentos resolve. Se o quadro persistir, pode ser indicada cirurgia para a remoção do tecido comprometido e a secção controlada de fibras do esfíncter para reduzir a hipertonia.

O procedimento dura cerca de meia hora, e o paciente tem alta no mesmo dia ou no dia seguinte. Em uma semana, pode-se retomar suas atividades de rotina. A cicatrização completa ocorre em aproximadamente seis semanas.

A fissura anal é uma condição classificada como benigna, ou seja, não provocará danos maiores à saúde, nem afetará outras partes do corpo. Mas seus sintomas não são nada benignos para a qualidade de vida.

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Buscar tratamento é a forma de se livrar do problema e fazer com que a evacuação deixe de ser um doloroso drama e volte a ser apenas um ato simples e corriqueiro.

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