Nesta semana, astros do futebol brasileiro colocaram uma discussão em campo: a instalação de grama sintética. Atletas como Neymar, Gabigol, Memphis Depay, Philippe Coutinho e Thiago Silva, se manifestaram contra o uso, alegando que esse tipo de gramado aumenta o risco de lesões e compromete a qualidade técnica do jogo. Um assunto bastante polêmico.

Quando se fala em lesões no esporte, é preciso se lembrar da ciência, e o assunto pautado pelos jogadores já foi tratado em diversos estudos. O trabalho científico mais recente sobre essa questão foi realizado pela Universidade da Finlândia e publicado pela revista The Lancet em maio de 2023.

Ele consistiu em uma revisão sistemática da literatura envolvendo mais de 1 447 estudos sobre o tema. A pesquisa teve como objetivo comparar o tempo de exposição e o número de lesões ocorridas em grama sintética e grama natural. Na análise, 22 estudos específicos foram filtrados para a pesquisa final.

Em 11 estudos abrangendo o público masculino e em cinco que analisaram somente mulheres, o índice de lesões foi menor na grama sintética.

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Ao analisar somente jogadores profissionais, oito estudos também reportaram o menor índice de lesões na grama sintética. Em jogadores amadores, foi apontado o mesmo índice de lesão em ambas as situações.

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Um ponto interessante desse estudo é a análise dos incidentes em diferentes partes do corpo. Os resultados mostraram que, enquanto as lesões no quadril, coxa e joelhos foram menores em campos de grama sintética, as lesões no tornozelo ocorreram com maior frequência nesse tipo de superfície.

Estudos biomecânicos sugerem que o atleta leva, em média, seis jogos para se adaptar com a diferença na absorção de impacto, fricção e consistência da superfície artificial.

É fato que lesões ocorrerão, independentemente de a superfície ser sintética ou natural. A Arena da Baixada, em Curitiba, foi o primeiro estádio do Brasil a usar grama sintética, em 2016.

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Posteriormente, estudo do Departamento Médico do Clube Atlético Paranaense, que joga no local, trouxe o seguinte resultado: ao comparar três anos de uso de grama sintética com três anos de utilização de grama natural, foi encontrada uma equivalência no número de lesões.

Isso reforça a conclusão dos estudos mais recentes, que indicam que a grama sintética de última geração é segura e confiável para a prática do futebol profissional.

*Edilson Thiele, médico consultor da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE); Mestre e Doutor em cirurgia; Médico da Conmenbol e ex-diretor médico do Clube Atlético Paranaense (1990 – 2011)

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