Uma espécie invasora de camarão tem chamado atenção de pescadores e de cientistas no Pará. Conhecido como camarão gigante azul, o espécime Macrobrachium rosenbergii é nativo da região do Indo-Pacífico e encontrado principalmente em países como Malásia, Tailândia, Índia, Bangladesh e Mianmar.

O gênero Macrobrachium reúne mais de 200 espécies, que se distribuem pelas regiões tropicais e subtropicais do mundo. A espécie que chama atenção no Norte do Brasil se desenvolve em águas continentais, salobras, como fundos de rios, lagos, reservatórios e estuários.

O também chamado camarão-da-malásia ou camarão-gigante-da-malásia chega por aqui a partir da década de 1970, como explica a bióloga e doutora em aquicultura Cristiana Ramalho Maciel, professora do Instituto de Estudos Costeiros da Universidade Federal do Pará (UFPA).

“Esse camarão foi introduzido em mais de 40 países para aquicultura. No final dos anos 1970, houve uma importação para Pernambuco para o desenvolvimento da tecnologia para cultivo no Brasil. De lá para cá, a década de 1990 marcou o auge da produção, com várias larviculturas por todo o país, incluindo o Pará”, resume Maciel.

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A escolha pelo investimento no gigante azul tem como base características como tamanho, crescimento acelerado, boa adaptação ao processo de reprodução em cativeiro e tolerância a variações do ambiente. Ele pode chegar a 32 cm de comprimento e até 500 gramas de peso e as fêmeas chegam a produzir uma grande quantidade de ovos, de 50 a 500 mil.

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Na natureza, o espécime mostra comportamento onívoro, se alimentando de vermes, moluscos, peixes, larvas e insetos, além de algas, plantas aquáticas, folhas, sementes e frutas.

Invasões de espécies se tornam cada vez mais comuns em todo o mundo, principalmente devido à globalização. Na maior parte dos casos, há uma associação com atividades de interesse socioeconômico, como transporte marítimo e fluvial, a construção de canais de navegação, a criação de peixes em aquários, além da aquicultura.

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Crustáceo é cultivado e comercializado em diversas partes do mundo (Foto: KKPCW/CC-BY-SA-4.0/Wikimedia Commons)
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Embora o camarão gigante azul possa se alimentar de outros peixes, são necessários estudos que apontem, com base em evidências, os reais impactos dele no Pará e em outras regiões do país.

“Prevíamos o crescimento da espécie a partir de modelos matemáticos em 2011. Os estudos seguintes apenas confirmaram os achados. Agora, precisamos avaliar as dimensões desse aumento, a possibilidade de ocupação do nicho de outras espécies, o conteúdo estomacal para observar a alimentação”, afirma Maciel, estudiosa da área há mais de 20 anos.

Nesse contexto, qualquer afirmação sobre um possível desastre ecológico ainda é precoce. Porém, o sinal de alerta foi emitido, tanto para pescadores quanto para cientistas que já se mobilizam para o monitoramento do invasor.

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